Um veleiro encalhou na manhã de hoje na praia do Cabedelo, na Figueira da Foz, provocando ferimentos ligeiros numa mulher de 34 anos, tripulante da embarcação, disseram testemunhas no local e fontes hospitalar e da autoridade marítima.
A embarcação Cumulus, um veleiro de 11 metros de comprimento, de bandeira belga e tripulada por dois cidadãos da mesma nacionalidade – um homem de 44 anos e uma mulher de 34 – encalhou cerca das 10h num banco de areia junto à praia do Cabedelo Sul, a menos de um quilómetro da barra do porto da Figueira da Foz (de onde saiu cerca das 9h30) e em frente à escola de surf.
Em declarações à agência Lusa, Ivan Tomás, proprietário da Surf Scool, contou que o casal foi retirado da água por dois dos seus instrutores e levado para a areal, aparentemente sem ferimentos.
Eduardo Charana, 30 anos, um dos monitores de surf que participou no salvamento, precisou que, ao início da manhã de hoje, quando chegaram à praia, avistaram o veleiro “um bocado perdido, num sítio onde não deveria estar”, perto da zona de rebentação.
Perante a situação, deram o alerta para a Capitania do Porto da Figueira da Foz.
“Entretanto, assim que veio uma onda e o barco rodou, fomos lá para ajudar. O primeiro instinto quando vimos aquilo a acontecer foi ir ajudar”, explicou Eduardo Charana, que foi nadador-salvador durante seis anos na praia do Cabedelo.
Acrescentou que o veleiro “encalhou na areia” numa zona “com bastante ondulação” a cerca de 150 metros da praia.
“Quando chegamos ao pé do barco, [os tripulantes] já tinham conseguido sair. A senhora estava em choque, como que paralisada, não se conseguia mexer, o senhor até estava bem. Pusemos a senhora na prancha, o senhor veio pelos seus próprios meios, mas viemos ao lado dele, preocupados que não tivesse forças para chegar à areia”, afirmou.
Já na praia, o casal foi socorrido pelos meios dos bombeiros e Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), entretanto activados.
“A senhora estava muito assustada. Estava presa ao arnês, caiu do barco e bebeu um bocado de água. Quando chegou à praia vomitou bastante”, disse, por seu turno, Eduardo Alçada, outro monitor de surf, que chegou a ir a bordo da embarcação recuperar alguns bens e pertences dos tripulantes.
“Falei com o senhor, fui sozinho a bordo e trouxe uma mochila estanque com telemóveis, dinheiro e documentos”, enfatizou.
Eduardo Alçada disse ainda que o veleiro apresentava danos no mastro e ao nível do leme, aparentemente por ação da ondulação na zona de rebentação.
Ouvido pela Lusa, João Lourenço, comandante do Porto da Figueira da Foz, confirmou a recuperação de bens do casal belga, por si autorizada, acrescentando que as causas do acidente permanecem desconhecidas e serão objecto de investigação pela Capitania.
João Lourenço adiantou que o barco está encalhado “numa zona onde não há perigo para a restante navegação” e que o proprietário terá de entregar às autoridades um plano para o remover.
“Onde está, muito dificilmente voltará a flutuar pelos seus próprios meios. Da experiência que tenho, com a subida da maré, virá a ser empurrado pelo mar para terra”, argumentou o comandante do Porto.
Questionado sobre a eventual relação da maré baixa com o encalhe do veleiro – o pico da baixa-mar na Figueira da Foz foi às 10h39, com uma altura de apenas 30 centímetros – João Lourenço recusou “especular” sobre as razões, reafirmando que irá decorrer uma investigação ao acidente.
“É certo que o espaço para se manobrar em baixa-mar é menor, há sempre um risco associado. Mas também se vê melhor o canal [de navegação]”, frisou.
Já fonte do gabinete de comunicação do Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) confirmou que os dois tripulantes de nacionalidade belga deram entrada na Urgência da unidade de saúde – localizada perto da praia do Cabedelo – “por uma questão de precaução”.
“A senhora apresentava um quadro de hipotermia, está clinicamente estável e em observação. O senhor está bem e também em observação”, indicou a fonte do HDFF.
Para além dos surfistas envolvidos, a operação na praia do Cabedelo envolveu 27 operacionais e oito viaturas das corporações de bombeiros Sapadores e Voluntários da Figueira da Foz, INEM, Polícia Marítima e Instituto de Socorros a Náufragos.