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“Queremos um concelho preparado e orientado para o futuro!” – Carlos Monteiro, PS

O Figueirense colocou algumas questões aos diversos candidatos com o intuito de angariar mais informações sobre os seus planos, projectos e intenções, ajudando os cidadãos eleitores a decidir a sua opção de voto. Eis o que obtivémos junto do representante do PS, Carlos Monteiro.

Carlos Ângelo Ferreira Monteiro nasceu a 24 de Agosto de 1962, em S. Julião da Figueira da Foz e reside nesta cidade. Em Junho de 1987 licenciou-se em Biologia na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Em 2004 concluiu ainda o curso de Formação Especializada em Administração Escolar. Professor dos ensinos básico e secundário, faz parte do quadro da Escola Dr. Joaquim de Carvalho, onde exerceu cargos de direcção, desde 1994. Em 1999 foi eleito presidente do conselho executivo, cargo que exerceu até 2009. Neste mesmo ano foi eleito director.  Politicamente, foi membro da Assembleia da Freguesia de S. Julião, membro da Assembleia Municipal e vereador executivo, tendo exercido os pelouros de Educação e Formação Profissional, Juventude e Desporto, Acção Social e Reabilitação e Mercados e Feiras. De 2013 a 2017, foi eleito vereador executivo, tendo exercido vários pelouros.

Segundo os últimos censos, a população do concelho da Figueira diminuiu. Quais as medidas que irá adoptar para aumentar o número de residentes?

Na realidade, acompanhando a tendência da Europa e de Portugal, a Figueira perdeu habitantes nos últimos anos. Este pendor, alinhado com o contexto europeu, é fruto de questões culturais, mas sobretudo de uma forte crise recessiva que assolou todo este território. Já o mundo, em termos globais, não vê forma de controlar o problema da sobrelotação, evidenciando que os processos migratórios, de maior ou menor distância, terão de ser considerados como forma de redistribuição da população. A situação da Figueira da Foz está, não obstante, a verificar uma tendência de inversão nos últimos 2 anos, também em resultado de algumas políticas assumidas pela autarquia, nomeadamente a divulgação do concelho e a atracção de investimentos. Neste contexto, é de salientar que o concelho da Figueira da Foz é um dos 42, entre 308 do país, que apresenta rendimentos per capita mais elevados, o que é, decerto, um forte impulso para continuar a recuperar população. As medidas já em curso estão a ser reforçadas com políticas de mais e melhor saúde, mais e melhor educação, com o incremento da formação profissional e a atracção de pólos de ensino superior, mais e melhor ambiente, mais e melhor emprego, com o alargamento da zona industrial (fonte de empregos qualificados), mais e melhor habitação, mais e melhor mobilidade, mais e melhor segurança, mais e melhor cultura, mais e melhor desporto, enfim, mais e melhor qualidade de vida. Mas queremos igualmente um concelho preparado e orientado para o futuro, um futuro marcado por desafios que as tecnologias emergentes podem resolver no plano do conceito das cidades inteligentes e que podem ajudar a resolver os problemas e melhorar a qualidade de vida dos figueirenses.

Com a consciência de que temos um concelho com condições únicas, amplamente reconhecidas, de que muito nos orgulhamos e que queremos potenciar, queremos continuar a aumentar a autoestima dos figueirenses e a afirmar a Figueira enquanto concelho atractivo e com elevada qualidade de vida, instituindo este princípio como objectivo nuclear, como forma de promover a fixação de mais população, os nossos filhos e novos residentes.

O emprego é uma preocupação natural. Como atrair mais investimento, mais postos de trabalho, seduzindo assim uma população jovem e activa? 

Em primeiro lugar, urge esclarecer que o concelho da Figueira da Foz é, contrariamente ao que muitos propagam sem conhecimento da realidade, um dos concelhos mais industrializados da região. Note-se que, em 2019, o volume de negócios das empresas foi superior a 3, 1 mil milhões de euros e que estas geraram 13. 844 empregos. Acresce dizer que a Figueira faz parte do núcleo restrito dos 42 concelhos com rendimentos anuais mais elevados do país, concretamente superiores a 10 mil (10.192) euros per capita (dados do INE). Mas são diversas as medidas já tomadas, e outras já previstas, para dar resposta a esse desafio. Refiro-me, objectivamente, à ampliação, já em concurso, da zona industrial a sul, com incubadora e aceleradora de empresas, e desenvolvimento da zona industrial do Pincho e de Vale de Murta, criando condições para novos negócios e aumentando a oferta de emprego; – ao apoio às empresas, nomeadamente as PME (Pequenas e Médias Empresas), destacando- -se a implementação do Programa de Transição Digital das Empresas; – à atracção de investimento comercial de âmbitos nacional e internacional e fortalecimento do comércio local nas zonas históricas; – ao estabelecimento de uma agenda de promoção do trabalho digno justamente remunerado; – à captação e fixação de talentos “Made in Figueira da Foz”, ao nível científico, tecnológico, artístico e desportivo; – à ampliação das parcerias com estabelecimentos de ensino superior e centros de investigação e desenvolvimento, para que na Figueira, a par de continuarem a decorrer investigação e pós-graduações associadas às empresas, à Ilha da Morraceira, haja uma unidade do ensino politécnico vocacionada para o Turismo e uma unidade da Universidade de Coimbra vocacionada para o mar e economia azul, instituindo o Cabo Mondego como espaço privilegiado para localizar alguns destes pólos de investigação; – à criação do novo centro de Formação do Instituto de Emprego e Formação Profissional, como reforço do ensino profissional do concelho, que se pretende que seja um centro tecnológico especializado ao nível da formação profissional e também na área das profissões futuras; – à promoção do desenvolvimento agrícola e das unidades industriais associadas, em consonância com a agenda de inovação do Ministério da Agricultura; – à promoção da habitação para todos e da reabilitação urbana em todos os núcleos habitacionais do concelho, transversal a toda a sociedade, com um programa de rendas acessíveis.

Como pretende devolver a cidade às pessoas? Estratégias pensadas? 

Em primeiro lugar, deixe-me clarificar que a cidade é dos figueirenses e sempre foi muito vivenciada e fruída pelos figueirenses. É evidente que, quando no passado a população figueirense cresceu significativamente, houve a necessidade de alargar o perímetro urbano e, hoje, após várias décadas, as pessoas que habitam o núcleo mais antigo foram envelhecendo e tornando esta zona menos habitada. Nessa medida, temos vindo, e vamos continuar, a desenvolver acções que visam regenerar esta parte da cidade, nomeadamente, a requalificação dos seus espaços como de equipamentos públicos, como é o caso da Praça Dr. João Ataíde (Praça do Forte), do Espelho de Água, do Forte de Santa Catarina, do Mercado Eng.º Silva (que acolhe vários serviços e irá acolher a Universidade Sénior), do Castelo Engenheiro Silva, agora sede do posto de turismo e galeria de arte, do novo Quartel da Imagem (antigo Quartel dos Bombeiros Municipais), da Quinda das Olaias, do Jardim Municipal, do antigo edifício da PSP, que acolhe a Associação CASA e um conjunto de outras instituições. Neste seguimento, realçamos a instalação de um Centro de Formação Profissional no anterior “Sítio das Artes”, a requalificação do “Edifício do Trabalho” e o projecto de vir a instalar uma Escola Superior de Hotelaria e Turismo no espaço do antigo terminal rodoviário, além da fixação de serviços camarários no edifício ao lado do antigo edifício da PSP. Nesta perspectiva, é ainda de realçar a estratégia que temos definida para a habitação, com medidas de apoio (incentivos financeiros e fiscais) à reabilitação urbana e dos espaços comerciais (como é exemplo a plataforma “Comércio com História”), que levará à requalificação de muitos dos fogos existentes nesta zona da cidade, atraindo jovens casais e a classe média. Esta é uma zona muito atractiva, atendendo ao conjunto de serviços que concentra e à sua localização de excelência, potenciadora da mobilidade suave. É a conjugação de todas estas acções que permite atrair mais pessoas para este núcleo, contribuindo decisivamente para a sua regeneração. De salientar que estas políticas, previstas para o núcleo da cidade, são extensivas aos núcleos urbanos das freguesias, o que visa igualmente contribuir para o reforço e regeneração dos seus centros urbanos.

O turismo é o foco ou outras áreas de negócio sobrepõem-se à dinâmica prevista?

É inquestionável que o turismo é de extrema importância para o concelho, pelo que queremos reforçar a marca “Figueira”, enquanto destino de 365 dias, combater a sazonalidade e criar novos produtos de oferta turística. Assim, defendemos: a opção vincada pela vertente do turismo sustentável, como um impulsionador do emprego e criação de riqueza, intercâmbio intercultural, inclusão social e preservação cultural; o reforço da marca de turismo de sol e de mar, com a futura instalação do bypass fixo, que irá reforçar as praias a sul e reduzir a extensão do areal da Praia da Claridade, a criação de uma laguna interior de grandes dimensões, naturalmente alimentada e renovada por água do mar, tirando partido das cotas de marés, de modo a não haver necessidade de meios mecânicos nem de energia para o enchimento e esvaziamento, gerando duas praias interiores, a nascente e a poente da laguna, com águas permanentemente tranquilas e profundidades adequadas a uma prática balnear aprazível (pré-projectos já existentes); a requalificação do Cabedelo, o investimento nos equipamentos de praia, a abertura e requalificação dos acessos ao Cabo Mondego, a promoção do património geológico; o reforço da marca de desportos de praia (futebol, rugby e voleibol) e de deslize na água (remo, vela, canoagem, surf e bodyboard), investindo nos equipamentos de apoio (estádio e iluminação) a estas actividades desportivas e assumindo a Figueira enquanto Capital dos Desportos de Praia; a aposta nos grandes eventos desportivos, assumindo o Cabedelo como um dos melhores destinos de surf e bodyboard, potenciado também pela iluminação nocturna do molhe sul, caso único no país; o potenciamento da capacidade de produção de riqueza da ilha da Morraceira na vertente turística; o reforço da marca de turismo cultural e de natureza, pela valorização e promoção das singularidades paisagísticas, culturais e gastronómicas de cada uma das freguesias; a promoção de eventos de grande dimensão – Carnaval, Festas da Cidade, RFM Somni, festivais de gastronomia e eventos desportivos de praia, de mar e de natureza; o reforço da oferta cultural, já de si ímpar e diversificada, tendo como principais motores o CAE, o Casino Figueira, as dezenas de colectividades dispersas por todas as freguesias, o Quartel da Imagem (antigo quartel dos Bombeiros), o Castelo Eng.º Silva, a Quinta das Olaias, o Palácio Sotto Maior, o Mosteiro de Seiça, a Quinta de Ciência Viva do Sal, entre outros; a dupla transformação do concelho enquanto destino mais verde e mais digital e, portanto, mais resiliente para enfrentar crises futuras, integrando cinco pilares de um “destino inteligente” – governação, inovação, tecnologia, acessibilidade e sustentabilidade – nas políticas e estratégias; o reforço do tecido empresarial, da oferta de património cultural visitável e de eventos culturais, científicos e de congressos, apoiado na futura edificação de um Centro Multiusos, a partir da requalificação das antigas oficinas dos Caminhos de Ferro; a promoção de produtos e experiências turísticas inovadoras e a maximização do uso de ferramentas digitais e plataformas para diversificar a procura no tempo e no espaço, incentivando a estadias mais longas, atraindo o perfil do visitante que se encaixa na visão e estratégia do concelho, na perspectiva de um futuro sustentável; o incentivo à formação ao desenvolvimento de competências no sector do turismo para melhorar o desenvolvimento socioeconómico da comunidade e criar quadros altamente qualificados que sustentem a competitividade do sector e o envolvimento, no âmbito do Conselho Municipal de Turismo, de todos os actores do sector de turismo no esforço comum para desenvolver o turismo para todos – residentes e visitantes.

Se não vencer as eleições, aceita integrar o executivo camarário? 

Esse é um cenário que não considero minimamente realista, e todos os indicadores que temos e as manifestações que centenas de figueirenses nos têm dado vão no sentido diametralmente oposto. Na hipótese académica de tal acontecer, o que hoje posso afirmar é que, no decurso de toda a minha actividade profissional e pessoal, sempre levei todos os projectos até ao fim. No caso concreto, a avaliação só poderia ser feita no final do resultado eleitoral, avaliando bem as intenções dos figueirenses.

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