Os agricultores de arroz do vale do Pranto, rio afluente da margem esquerda do Mondego, junto à Figueira da Foz, voltaram a reclamar a reconstrução das comportas que impedem a água salgada de entrar nos campos.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Associação Distrital de Agricultores de Coimbra (Adaco) e a Junta da Freguesia de Alqueidão, lembram que a obra para uma daquelas comportas, orçada em cerca de um milhão de euros e cujo projeto estaria concluído e aprovado, foi prometida em agosto de 2023 pelo anterior Governo, mas “o tempo passou sem que nada fosse feito. Os agricultores do Vale do Pranto não aceitam que as promessas da reparação das comportas, sejam promessas adiadas, a exemplo das promessas das obras de emparcelamento que estão previstas há longos anos, e que nunca mais se concretizam”, argumentaram.
Em causa estão as comportas da Maria da Mata e do Alvo, construídas há várias décadas junto da estação de bombagem do Alqueidão, sensivelmente a oito quilómetros da foz do rio Mondego: a primeira deixou de funcionar há quatro anos e a segunda encontra-se bastante deteriorada, levando a que as águas salgadas se infiltrem nos campos e que o arroz seja queimado pelo sal, quando se encontra em plena floração.
De acordo com os autores do comunicado, a falta de regularização das águas devido à ineficácia das comportas leva a que os produtores percam “25 por cento e mais da sua produção anual, além dos atrasos que [a situação] muitas vezes provoca na realização das culturas”.
A Adaco e a Junta da Freguesia do Alqueidão reuniram com o então secretário de Estado do Ambiente e com a Agência Portuguesa do Ambiente: “Foi-nos dito que o projeto para as comportas da Maria da Mata, no valor de um milhão de euros, estava concluído e aprovado, e que iria aguardar pelo lançamento dos avisos de candidatura para as obras a realizar pela Comissão de Coordenação da Região Centro [CCDRC], entre outubro e novembro de 2023”.
Essa mesma cronologia, adiantaram, previa o início da intervenção no atual mês de abril, por um período de nove meses, “por forma a que antes das sementeiras de 2025, as obras já estivessem concluídas”. Os subscritores do comunicado alegam ainda que, em fevereiro, pediram uma audiência à CCDRC, não tendo obtido “qualquer resposta”.
Neste sentido, vêm agora exigir ao novo Governo que intervenha junto da CCDRC “para que sejam cumpridos os prazos anunciados das obras para a instalação de comportas da Maria da Mata no rio Pranto”, decisão que vai ser comunicada ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, à ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, e à Assembleia da República.
“Se não houver tomada de medidas concretas para resolver a situação, os agricultores do Vale do Pranto reunirão para decidirem as formas de luta a tomar, até que as promessas sejam cumpridas”, declaram.