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“Por que não a criação de um museu da construção naval?” – Bernardo Reis, CDU

O Figueirense colocou algumas questões aos diversos candidatos com o intuito de angariar mais informações sobre os seus planos, projectos e intenções, ajudando os cidadãos eleitores a decidir a sua opção de voto. Eis o que obtivémos junto do representante do CDU, Bernardo Reis.

Bernardo Manuel Madureira dos Reis é o candidato da CDU. Nasceu em Lordelo do Ouro
(Porto), em 1963. Realizou estágio para ingresso na carreira de oficial de Justiça no Tribunal Judicial de Matosinhos, tendo exercido funções como escriturário no Tribunal Judicial de Arouca, e posteriormente no Tribunal Judicial de Matosinhos. Foi promovido, posteriormente, a escrivão-adjunto no Tribunal Judicial de Matosinhos, tendo passado pelos Tribunais Judiciais de Paredes, Coimbra e Montemor-o-Velho.
Bernardo Reis foi promovido a escrivão de Direito no Tribunal Judicial de Vagos, tendo passado ainda, dentro deste percurso profissional, pelos Tribunais de Família e Menores de Coimbra, da Figueira da Foz e actualmente no Juízo Local Criminal da Figueira da Foz.
Desempenha presentemente o cargo de delegado sindical, o mesmo aconteceu em diversos locais de trabalho por onde passou.

Segundo os últimos censos, a população do concelho da Figueira diminuiu. Quais as medidas que irá adoptar para aumentar o número de residentes? 

É um facto que nós próprios temos vindo a constatar ao longo dos últimos oito anos. E, na nossa opinião, tem a ver com uma natural perda de atractividade da nossa cidade e concelho, fruto de políticas nacionais erradas mas que também pouco ou nada têm sido combatidas pela autarquia que se deixa “levar na onda”. Podemos apontar muitos e vários exemplos dos quais aqui destacamos os da área da saúde, com a perda de valências hospitalares do Hospital Distrital da Figueira da Foz.

Para além disso a perda da Maternidade foi um golpe duríssimo que marcou negativamente o futuro. A acrescer relevamos o fecho de extensões dos centros de saúde, ficando a população mais desprotegida. Igualmente nocivos foram os encerramentos ou reduções de horário em várias áreas do atendimento em serviços públicos. Tal resultou na sua degradação, quer pelo desaparecimento de alguns serviços, quer pela evidente falta de recursos humanos suficientes.

Na área da mobilidade é praticamente inexistente a oferta de transportes públicos capazes de satisfazerem as mais básicas necessidades de deslocação das pessoas. Seja das suas residências para os seus locais de trabalho e regresso, quer quando necessitam deslocar-se a serviços públicos ou privados, designadamente aquando da aquisição de compras destinadas a suprir as suas necessidades básicas: mercado, comércio tradicional, serviço de reparações, etc.

A cidade não atrai porque as ofertas de emprego são reduzidas, a maior parte das vezes indiferenciadas e sempre sujeitos os trabalhadores a salários muito baixos. A oferta de emprego de qualidade é ainda mais minimalista e segue o mesmo “roteiro”: centralização numa política de salários muito baixos e sempre o recurso e o abuso à precariedade. Na área da habitação é manifesta a falta de uma política dirigida à população jovem. E devidamente enquadrada de forma a garantir fixação dos nossos jovens. São muitas as hipóteses possíveis neste domínio: alteração do PDM que permita a construção de habitação próprias aos proprietários de terrenos, não obrigando quem aqui trabalha a procurar outras paragens para a morar. Continuaremos, como sempre temos feito, a bater-nos por uma redução substancial do IMI, apontando ainda em estratégias de políticas de arrendamento acessível, quando não é possível  a habitação própria.

Os nossos programas eleitorais ao longo destes últimos anos têm vindo a alertar e propor medidas que visam fazer da Figueira da Foz um local onde valha a pena viver, independentemente de aqui se trabalhar ou não no concelho, no entanto referimos aqui só algumas questões que, a serem resolvidas e implementadas e pelas quais nos bateremos, poderão contribuir entre outras para esse objectivo.

Assim, uma das primeiras pela qual nos bateremos será a implementação de uma rede eficaz de transportes urbanos e sub-urbanos, que permitam uma verdadeira mobilidade da população para que a mesma possa usufruir da sua cidade e ainda da aproximação das freguesias a esta, sendo que neste momento o transporte privado é a única solução de mobilidade, mas incapaz de dar uma resposta minimamente eficaz nomeadamente naquelas vertentes.

Defendemos, ainda, nesta área a ligação ferroviária da Figueira da Foz a todas as principais capitais de distrito do país. Defenderemos também a existência de uma política séria de habitação a preços controlados e que seja competitiva com a forte especulação imobiliária que também nesta matéria está idêntica a qualquer outra cidade do país.

Deixada para final mas não menos importante a questão da água. É um lugar-comum dizer-se que “sem água não há vida” mas o interessante é que, sendo um bem natural e comum, acaba “tratando” muito melhor da vida de uns poucos do que da do simples cidadão. Defendemos o regresso da água à esfera pública, deixando de uma vez por todas de ser mais um negócio  a favor de alguns, de modo especulativo e contumaz.

O emprego é uma preocupação natural. Como atrair mais investimento, mais postos de trabalho, seduzindo assim uma população jovem e activa?

É evidente que a questão do emprego é importante para a fixação da população. Assim sendo, e nesta matéria o exemplo deveria começar pela própria autarquia que enquanto vai diminuindo os seus próprios quadros operários, vai deixando degradar o estado das nossas ruas, estradas sob a sua alçada, e demais equipamentos sociais. Na nossa opinião um dos sectores/ das empresas âncora que poderia potenciar, directa ou indirectamente, a criação de emprego seria a reactivação da construção e reparação navais, assim como defendemos também a manutenção e reparação de material ferroviário com a reactivação das importantes instalações da EMEFF. Nestas matérias é necessário um papel activo e não passivo do município, uma atitude pró activa, assim como sempre que estejam em causa serviços públicos, sejam eles nas áreas da saúde, serviços postais e bancários, transportes, etc.

Como pretende devolver a cidade às pessoas? Estratégias pensadas? 

Este é um conceito particularmente abstracto e que no actual contexto mais conotações político-eleitorais, do que propriamente realísticas. Mas, apesar de tudo, a questão está em parte já abordada. Acrescentamos ainda que defendemos uma  gradual deslocalização do Porto Comercial da Figueira para a margem sul do rio Mondego, devolvendo assim na sua plenitude a zona e frente ribeirinha da cidade às populações para que estas a possam usufruir em espaços de recreio e lazer, bem assim como gozar dos ares do rio – aragem e maresia, como já foi possível em outros tempos, não tão distantes assim.  Afasta-se assim  a carga poluente de uma zona particularmente sensível da cidade.

O turismo é o foco ou outras áreas de negócio sobrepõem-se à dinâmica prevista?

A nossa concepção de turismo e actividades relacionadas é muito mais lata do que o estafado binário “Serra-Mar”, de quando em vez “alindado com  a inclusão de alguma tradição gastronómica. O turismo, como se tem verificado, é um suporte absolutamente frágil para que tudo gire à sua volta. Se dúvidas houvesse, a actual situação pandémica assim o tornou claro. A Figueira da Foz, e ao contrário do que é apregoado, não é um destino de eleição turística. Não basta ter um mar largo e lindo e uma serra altaneira para cativar o turista. Se não existirem  infra-estruturas de qualidade que o suportem e ofertas e eventos diversificados ao longo de todo o ano, não serão apenas três meses (às vezes menos, por força do clima) que garantirão a Figueira da Foz como destino turístico inquestionável. Defendemos, como já ficou explanado um desenvolvimento equilibrado e nas mais variadas áreas. Não podem  a cidade e o concelho “dormirem” à sombra da vocação turística. Por outro lado, dado que o concelho não é ricamente servido de património histórico frequentemente mal cuidado. O que existe, mesmo assim, poderia reforçar alguns “roteiros” apetecíveis, para além do que já é visto pela comunidade educativa. Por que não a criação de um museu da construção naval (relevando as actividades piscatória, comercial e militar)? Por que não regressam eventos que projectaram a Figueira da Foz para fora de portas: ciclismo, hipismo, atletismo… Olhemos a vizinha Pombal ou a mais distante Óbidos, sempre na crista da onda. Por que não implementa o município uma equipa sua colaboradora, para levar por diante de modo mais expedito estas iniciativas, dada a matéria-prima que o concelho possui? Defenderemos que o município lidere junto das Instituições e órgãos competentes a abertura da Base Aérea N.º 5 (Monte Real), ao tráfego da aviação civil, o que em muito iria potenciar diversas áreas de negócio, nomeadamente turismo de qualidade, servindo não só obviamente o nosso  concelho mas os municípios na proximidade da Base, e toda a região Centro.

Se não vencer as eleições, aceita integrar o executivo camarário? 

Nós, na CDU, temos um código de ética diferenciado de outros, onde o serviço que prestamos de acordo com a confiança que os cidadãos e eleitores em nós depositaram é superior aos egos dos seus candidatos. Estaremos e desempenharemos todos os cargos para que formos eleitos. “Servir e não servir-se” é um dos princípios essenciais da nossa ética política. E lutamos pela eleição de um vereador da nossa matriz política. Há muito as necessidades mais candentes do concelho e os seus problemas mais  “bicudos” o reclamam.

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