A administração do Hospital Distrital da Figueira da Foz (HDFF) reivindica a criação de uma unidade de cuidados intensivos, que espera ver concretizada dentro de “dois ou três anos”, para aumentar o nível de diferenciação daquela unidade.
“Um dos critérios é servir uma quantidade mínima de 100 mil pessoas e como nós servimos à volta de 120 mil, com tendência a crescer, justificamos perfeitamente a existência de uma unidade de cuidados intensivos”, disse à agência Lusa o presidente do conselho de administração, Manuel Teixeira Veríssimo.
O responsável salientou que a unidade hospitalar, que completou 50 anos no dia 20, possui uma urgência médico-cirúrgica, “num nível intermédio abaixo das polivalentes dos grandes hospitais”, que justifica “a existência de uma UCI”.
“Praticamente só nós e o Hospital das Caldas é que não temos UCI associado a esse nível de urgência”, sublinhou.
Por outro lado, “há determinado tipos de cirurgia, programadas ou de urgência, mas principalmente as programadas, em que há necessidade de ter um apoio de cuidados intensivos para alguma situação que corra mal”.
Para Manuel Teixeira Veríssimo, a inexistência de uma UCI obriga a “enviar esses doentes para Coimbra, o que está a limitar a própria diferenciação do hospital” da Figueira da Foz.
A questão do espaço para criar uma UCI está ultrapassada com a construção do novo bloco operatório, cujo investimento atingiu os 4,5 milhões de euros, inaugurado no dia 20 pela ministra da Saúde, que deixou o anterior bloco devoluto e disponível.
“É um espaço bom e grande, que vamos poder reformular, mesmo no centro do hospital, o que é mais um factor positivo para avançar neste momento”, sustentou o administrador, salientando que o HDFF já possui uma Unidade de Cuidados Intermédios.
Apesar de não possuir UCI, durante o período da pandemia da covid-19, a unidade hospitalar criou uma zona “para além desses cuidados intermédios de ventilação”.
Segundo Manuel Teixeira Veríssimo, “não era propriamente uma UCI, mas já era algo a caminhar nesse sentido que respondia a muitos doentes com necessidade de ventilação e uma medicina mais intensiva”, embora tivessem de ser enviados para Coimbra quando atingiam um nível mais crítico.
Os projectos do HDFF não se ficam por aqui e já está em marcha a criação de um novo serviço de esterilização, no montante de investimento na ordem dos 800 mil euros, que irá estar concluído ainda este ano e que conta com financiamento do Portugal 2020.
“Um outro projecto que também está no terreno é a criação de uma unidade de cuidados paliativos, que vai ser instalada na antiga Casa da Mãe (antiga maternidade da Figueira da Foz), que é um edifício degradado no centro da cidade e que pertence ao hospital”, adiantou o administrador, que está no cargo desde 2018.
O projecto, que está a ser elaborado em parceria com o município da Figueira da Foz desde o anterior executivo, vai permitir a recuperação daquele edifício e a instalação de 20 camas, “que são uma necessidade não apenas da Figueira da Foz, mas também da região Centro”.
O projecto será candidatado ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e andará na ordem dos dois milhões de euros.
Manuel Teixeira Veríssimo adiantou ainda que a unidade hospitalar pretende instalar no seu perímetro uma unidade de convalescença, com 20 camas, num edifício a construir de raiz, já que não existem mais espaços para reabilitar.
“O projecto está a ser feito e o financiamento também está garantido, dentro do PRR, embora aqui o dinheiro não seja muito, que são 600 mil euros, mas vai ter de chegar”, frisou.
Por fim, a administração do HDFF trabalha também no aumento da área do serviço de urgência e das consultas externas, cujo projecto está a ser elaborado e que vai representar um investimento de aproximadamente dois milhões de euros, que está sinalizado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e deverá ser incluído nos fundos comunitários do Portugal 2030.
“Este aumento deve-se ao facto de não termos muito espaço, mas também para criar uma zona nova para doentes respiratórios, já que a pandemia veio obrigar-nos a separar as pessoas e o futuro diz-nos que é bom que se consigam deixar áreas delimitadas para pessoas que têm infecções respiratórias, mesmo até para a própria gripe”, explicou Manuel Teixeira Veríssimo.