O município da Figueira da Foz vai abrir este mês as portas do Paço de Maiorca às sextas-feiras e sábados, numa iniciativa que pretende mostrar o estado de ruína de um vasto património.
“O passado sublime de há 20 anos atrás de um espaço patrimonial icónico e de inegável interesse para o município deu lugar a um ciclo ruinoso, na sequência de manifestas decisões imponderadas, com consequências quase irreversíveis”, refere, em comunicado, a Câmara liderada pelo independente Pedro Santana Lopes.
A iniciativa Ver para Crer vai permitir ao visitante “tomar consciência das atrocidades culturais cometidas num dos mais notáveis edifícios de carácter civil, datado de finais do séc. XVII”.
À chegada, um filme com imagens reais de locais específicos do Paço, captadas há 20 anos, em confronto com a dramática realidade do presente: o antes e o agora.
As visitas têm duração de 30 minutos e contemplam um número máximo de 10 visitantes por grupo (sempre acompanhadas e supervisionadas por dois elementos do corpo dos Bombeiros Municipais da Figueira da Foz, por manifestas razões de segurança).
Os visitantes são acompanhados por técnicos da cultura, que fazem uma contextualização histórica de cada espaço, tendo de cumprir as normas da Direcção-Geral da Saúde de protecção contra a covid-19.
Ver para Crer “pretende abanar consciências para a necessidade da preservação e resgate do património municipal, tirando do anonimato a degradação de um espaço que é de todos, na plena convicção de que a preservação patrimonial é uma questão de valores e de costumes, que se sobrepõe a práticas políticas irresponsáveis”, conclui o comunicado.
Antes do Natal, o presidente da Câmara disse aos jornalistas que, ainda neste mandato, tenciona requalificar o Paço de Maiorca, que considera “outra dor de alma” em termos de património, embora numa situação “completamente diferente” do Mosteiro de Seiça, cuja reabilitação foi consignada no dia 23 de Dezembro.
“Para mim, é uma dor de alma ver aquilo naquele estado e não vai ficar assim. Vai ser requalificado, garanto”, frisou o presidente da autarquia figueirense, anunciando que vai abrir o edifício a visitas, “com a devida segurança, para o povo ver como aquilo está”.
O actual estado “atravessa vários períodos de várias responsabilidades, mas tem de ser recuperado”, realçou Santana Lopes, considerando que será a prioridade a seguir ao Mosteiro de Seiça.