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Cientistas estudam soluções para impedir desaparecimento de sapais estuarinos

Investigadores das universidades de Coimbra e de Lisboa estão a estudar medidas de proteção e conservação de sapais estuarinos, anunciou hoje a Universidade de Coimbra, alertando que estes “correm sérios riscos de desaparecer”, devido às alterações climáticas.

“Os sapais estuarinos correm sérios riscos de desaparecer” e torna-se “urgente a adoção de medidas de proteção e conservação destas zonas de elevada importância ecológica e socioeconómica”, afirma, numa nota enviada hoje à agência Lusa, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

“Para mitigar o impacto causado por eventos climáticos extremos, mas também por atividades humanas (agricultura, urbanização, poluição), nas zonas de sapal dos estuários”, está em curso o projeto de investigação ReSEt (Restauro de sapais estuarinos com vista à sustentabilidade).

O ReSEt, que é financiado por fundos europeus, através do programa MAR 2020, reúne 15 investigadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente das universidades de Coimbra (MARE-UC) e de Lisboa (MARE-UL), e do Instituto para a Sustentabilidade e Inovação em Engenharia Estrutural (ISISE) e do Departamento de Ciências da Terra da FCTUC.

No âmbito do projeto, adianta a FCTUC, será instalado, ainda durante o mês de julho, “um conjunto de células experimentais no estuário do Mondego”, perto de Vila Verde (concelho da Figueira da Foz), onde os investigadores vão estudar novas técnicas que impeçam a destruição dos sapais.

“Vamos testar e validar quatro técnicas de eco engenharia que possam ser utilizadas para promover a sedimentação e proteger e recuperar estas zonas de sapal, nomeadamente uma paliçada de madeira, uma tela de geotêxtil e sacos de geotêxtil com areia, bem como o transplante de plantas autóctones”, refere, citado pela FCTUC, o coordenador do projeto, Tiago Verdelhos.

“Estas experiências vão ser implementadas ao longo de um ano e meio, para assim podermos avaliar a evolução da taxa de sedimentação e das comunidades biológicas, com o objetivo de compreender qual destas técnicas será mais vantajosa do ponto de vista ambiental e económico”, acrescenta o investigador do MAREFOZ (laboratório do MARE de Coimbra, instalado há cerca de três anos na Figueira da Foz).

Sabendo da importância das zonas estuarinas para a sustentabilidade das pescas (fundamentais para os primeiros tempos de vida de muitas espécies de peixe), os investigadores vão também explorar a hipótese de proteger e conservar a fauna autóctone do estuário do Mondego com recurso à utilização de um tanque de aquacultura como “viveiro”.

“Para tal, vamos deixar entrar a água do estuário, capturando o peixe dentro desse tanque, para que seja possível avaliar quer a quantidade quer a diversidade de peixes, assim como perceber se este método pode ser usado como técnica de proteção e conservação de espécies”, adianta Tiago Verdelhos.

É urgente adotar medidas de proteção e restauro dos sapais estuarinos pois, adverte o investigador do MAREFOZ, “se nada for feito, com a subida do nível do mar, prevê-se que estas zonas, que por natureza estão situadas entre marés, tendam a desaparecer, com consequências bastante negativas”.

“Assistir-se-á à diminuição da biodiversidade e os serviços que são fornecidos por estes ecossistemas serão bastante afetados”, sublinha.

Os sapais “contribuem, por exemplo, para a retenção de carbono, a qualidade da água e reciclagem de nutrientes, e são fundamentais para a reprodução de peixes”, destaca ainda Tiago Verdelhos.

Além disso, recorda, “são ainda ecossistemas muito importantes para o turismo e lazer”.

O projeto ReSEt, sintetiza a FCTUC, “desenvolve-se em três grandes eixos: ecossistema (testar técnicas de proteção dos habitats), biodiversidade (proteção da fauna) e sociedade (apostando em atividades de comunicação de ciência e ações de ciência cidadã, nomeadamente ao nível de sensibilização)”.

A equipa do projeto espera que as soluções de proteção e restauro de sapais estuarinos desenvolvidas sejam aplicadas no estuário do Mondego e possam ser replicadas em qualquer estuário do mundo, conclui.

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