InícioAmbienteErosão da costa portuguesa é grave e vai piorar

Erosão da costa portuguesa é grave e vai piorar

As zonas da costa com ocupação humana são as mais atingidas pelos efeitos da erosão costeira em Portugal, uma situação que vai agudizar-se, apesar das medidas que têm sido tomadas e que custam anualmente milhões ao Estado, realçam especialistas.

A situação não é exclusiva de Portugal e deve-se a vários fatores, dos quais se destaca a intervenção humana nos leitos dos rios, nomeadamente barragens que impedem os sedimentos de se deslocarem para a zona costeira, os erros do ordenamento da faixa costeira cometidos ao longo de décadas e a retirada de areia dos rios para a construção.

Filipe Duarte Santos, da Universidade de Lisboa, destacou que a costa portuguesa “é das costas, à latitude a que se encontra, mais energéticas do mundo”, com ventos persistentes predominantemente de quadrante norte-oeste que orientam nesta direção as ondas.

Quando o mar atinge a costa, “não a atinge de frente, mas um bocadinho de lado”, e este movimento é permanente, desgastando a costa e “transportando areais de praias de norte para sul, com um valor médio de um milhão de toneladas de sedimentos por ano”.

Se os sedimentos dos rios que antes chegavam às praias não chegam, a costa está em constante desgaste, acrescentou.

“Este problema agudiza-se em áreas ocupadas. As áreas ocupadas não são compatíveis em termos evolutivos com aquela evolução da linha de costa e, a determinada altura, temos um conflito entre a progressão do mar, o recuo da linha de costa e a manutenção dos espaços ocupados na zona costeira”, salientou, pelo seu lado, Óscar Ferreira, da Universidade do Algarve.

De acordo com os especialistas, “não há uma resolução definitiva para o problema”e o que pode ser feito para minimizar a erosão costeira está a ser feito, sobretudo através do reforço sedimentar, alimentando artificialmente as praias com areia.

“A subida do nível médio do mar, em resultado das alterações climáticas, virá agravar ainda mais essa situação. Mas nós, neste momento, não precisamos sequer das alterações climáticas para ter já um problema grave”, concluiu Óscar Ferreira.

Com Lusa

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