A Queima de Judas lembra a morte do apóstolo traidor e acontece por tantos lados, mas também na Figueira, no Bairro do Vale. Iniciada por António Ribeiro “Picha”, há largos anos, esta tradição, repetida agora por iniciativa da Sociedade Filarmónica Dez de Agosto, como lembrou o seu presidente, Sansão Coelho.
No Sábado Santo, ao meio-dia, bombas e rebuçados, entre outros atractivos, sugavam a pequenada de antanho, e agora pretendem contagiar as novas gerações.
Ainda em Sábado Santo (outrora designado de Aleluia), o Enterro do Bacalhau, que não é marca exclusiva das tradições figueirenses, também se cumpre de forma carinhosa e marcante e percorreu de novo este ano as ruas da cidade ao som do tradicional pregão “Bacalhau, Bacalhau!”.
A marcha fúnebre apropriada, interpretada pela sua congénere, a banda da Filarmónica Figueirense, sob a regência de Carlos Cardanho, ecoou no cortejo que se faz com um pendão gigante em forma de bacalhau, como de uma abertura de procissão se tratasse, e ainda carpideiras embrulhadas em lençóis, pescadores do bacalhau, peixeiras, cozinheiros e afins, sem esquecer o orador, Alfredo Lopes, que, em cima de um dóri, fala sobre a cidade e as suas gentes, numa versalhada crítica e atenta.
O orador fez discursos de homenagem ao “defunto bacalhau”, numa clara lembrança para o final do jejum à carne, e ao excesso no prato do rei-peixe que preencheu as opções dos cumpridores do antigo e rigoroso cardápio da Quaresma.
A RTP fez reportagens destas duas tradições locais.
Foto de José António Teixeira