O adiamento de investimentos públicos na defesa da costa da Figueira da Foz, para fazer face à erosão costeira e ao assoreamento da barra do porto comercial, foi hoje criticado pelo presidente do PSD.
Numa visita à praia da Cova, onde a erosão costeira é mais preocupante, Luís Montenegro apontou a “visível falta de areia” naquela zona como responsável pelos “impactos muito negativos”, quer do ponto de vista ambiental, da qualidade de vida e do perigo para as populações que ali vivem.
“Eu acho que é bom para a política que os anúncios que são feitos em cima das eleições, os anúncios que são feitos de calendários, sejam efectivamente cumpridos. E não estamos a falar, ainda por cima, de investimentos de grande dimensão, estamos a falar de investimentos relativamente pequenos, numa escala nacional onde temos projectos de centenas de milhões de euros”, frisou o líder do PSD.
Na visita, integrada no programa Sentir Portugal, dedicado esta semana ao distrito de Coimbra, Luís Montenegro foi acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, dirigentes locais do PSD, deputados, pescadores e activistas cívicos do movimento SOS Cabedelo.
Santana Lopes aludiu a vários investimentos prometidos e sucessivamente adiados pelo Governo, entre outros um ‘shot’ de areia de 100 mil metros cúbicos para reforço das praias a sul, outra transferência de areias, esta de três milhões de metros cúbicos retirados do mar a norte do molhe norte do porto comercial ou, entre outros, o investimento no chamado ‘bypass’ – um equipamento mecânico de retirada de inertes da praia da Figueira da Foz (o maior areal urbano da Europa), com uma tubagem por debaixo do leito do rio Mondego e colocação a sul, para fazer face à erosão costeira.
Luís Montenegro ainda ouviu pescadores sobre os ‘malefícios’ da acumulação de areias na entrada da barra ou Miguel Figueira, dirigente do SOS Cabedelo, movimento que há mais de uma década defende a construção do ‘bypass’.
Na ocasião, o activista apelidou de “barra mortal” a entrada do porto da Figueira da Foz, lembrando as 15 mortes ali registadas desde o prolongamento do molhe norte, em 2010.
Aos jornalistas, no final da visita, Luís Montenegro afirmou ainda que a falta de investimento, quer na defesa da costa, quer no assoreamento do porto e na criação de condições para a actividade piscatória “é responsável quer pela falta de oportunidades de realização da pesca, quer, infelizmente, pela fatalidade da perda de vidas humanas, dadas as dificuldades e as agruras da actividade em si mesma”.
Prometeu que o PSD “usará todos os seus canais de intervenção” nomeadamente no parlamento, “para exigir ao Governo de Portugal que não se adiem problemas”.
O líder social-democrata lembrou, a esse propósito, que já quando era deputado na Assembleia da República “há já 10 ou 15 anos” era confrontado com projectos para fazer face à erosão costeira e defesa da costa na Figueira da Foz.
“Os projectos que apresentámos naqueles anos de 2012, 2013, 2014, ainda estão atuais. Passaram quase dez anos, em alguns casos até mais do que isso, e os problemas são os mesmos”, observou.