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Imprensa local e regional saiu reforçada no encontro da ANIR

A imprensa local e regional saiu reforçada no reconhecimento da sua importância como imprensa de proximidade, no Encontro Nacional que decorreu em Braga, promovido pela ANIR – Associação Nacional da imprensa Regional – e no qual “O Figueirense” esteve presente. Os cerca de 200 representantes de jornais de todo o país ouviram e colocaram questões a diversos oradores sobre o presente e o futuro do setor.

As intervenções foram unânimes na necessidade de revitalizar e tornar sólida a imprensa local e regional, defendendo o investimento público “para garantir a democracia e a cidadania, bem como o combate à desinformação e fake news que está a ser uma preocupação crescente”, realçou Eduardo Costa, presidente da referida associação. “Há necessidade de uma imprensa local forte nos concelhos e regiões, a única capaz de dar uma informação de proximidade que nenhuma outra consegue dar”, referiu.

Luís Marques Mendes, autor do Estatuto da Imprensa Regional referiu a António Jorge Lé, moderador deste painel representando “O Figueirense”, que a sua ligação com a imprensa regional começou cedo. “Nos meus vinte e poucos anos, antes ainda de estar na política nacional e muito antes de entrar no Parlamento ou no Governo. Na minha terra trabalhei durante alguns anos ligado a um jornal regional e fiquei com uma sensibilidade especial para esta temática, porque apercebi-me de várias coisas. Primeiro, trabalhar num jornal local ou regional é sobretudo um exemplo de carolice e dedicação. Não quer dizer que não haja profissionalismo, capacidade e competência, claro que há. Mas é preciso, face às dificuldades que então existiam, e acredito que hoje não seja radicalmente diferente, é preciso muito espírito de dedicação, de sacrifício. Uma pessoa, de um modo geral, que trabalha na imprensa regional, tem várias outras atividades e tem que conciliar aquilo que, às vezes, é difícil de conciliar”.

Na sua opinião, “as autarquias locais podiam e deviam dar um apoio objetivo, transparente, mais efetivo e mais afirmativo do que hoje em dia fazem em relação à imprensa regional. A morte de um jornal regional é um bocadinho a morte de uma parte da democracia. É menos concorrência, é menos informação, é menos direito à diferença. Agora, haverá autarquias que o fazem, autarquias que não o fazem, mas esta pedagogia deve ser feita”.

Num ambiente de reflexão, “a preocupação do deserto de notícias que já atinge cerca de uma centena de concelhos, com mais de metade sem jornal impresso tem que ser combatida”, foi tónica dos vários oradores convidados e os deputados das várias forças políticas com assento na Assembleia da República. Carlos Abreu de Amorim representou o Governo, presentemente em gestão, e estiveram políticos de várias áreas como Joana Mortágua, Inês Sousa Real, entre outros.

Alberto Arons de Carvalho também esteve presente no encontro a elevar o papel da imprensa regional, escrita, falada e disponível no meio digital. “Creio que continua a haver uma ligação importante entre os cidadãos e a comunicação social regional e local. Não apenas dos cidadãos que vivem naquele concelho, como dos cidadãos que nasceram naquele concelho e foram para o estrangeiro ou para outra cidade e querem manter uma ligação às publicações do seu concelho. Creio que esse papel é absolutamente insubstituível e creio que haverá condições, assim que o poder político o reconheça, para manter esses vínculos, essa ligação, essa proximidade dos cidadãos com a comunicação social”, frisou.

Para a historiadora Maria Inácia Rezola, comissária executiva para as Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, e que distribuiu diplomas que salientar o papel dos jornais da busca da democracia, “a liberdade de imprensa não foi conquistada com a lei que a determinou. A liberdade de imprensa foi conquistada no próprio dia 25 de Abril, quando jornais foram publicados sem passar ao crivo da censura. A perceção de que era, de facto, uma viragem de página que estava a acontecer. É impressionante o amplo e imediato acolhimento que o 25 de Abril teve em toda a imprensa. Nós sabemos que a imprensa, a imprensa escrita, era uma peça central na comunicação social à época, no período de 1974 e 75. O que nós percebemos neste período é que, mais que o seu papel tradicional, a comunicação social foi um ator participante no processo revolucionário e na construção da democracia”.

Por outro lado, a presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Helena Sousa, fez uma apresentação centrada em torno do tema “A regulação da imprensa local e regional: continuidade e mudanças na era digital”.  Nas suas palavras, “a imprensa regional tem um papel fundamental na implementação do direito constitucional à informação. Concede informação de proximidade, informação feita por pessoas concretas com conhecimento dos territórios e populações, oferece informação diversa e distinta da informação a nível nacional e pode desempenhar um papel de resistência face à desinformação nas redes sociais”.

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