A Câmara da Figueira da Foz aprovou hoje, por maioria, o novo projecto do complexo Piscina de Mar, que terá um hotel com 49 quartos e um novo edifício, perpendicular ao da antiga estalagem.
Na reunião ordinária de hoje, realizada por videoconferência, estiveram presentes o responsável da empresa Prime Hotels, concessionária do complexo, e o arquitecto responsável pelo novo projecto, tendo suscitado críticas da oposição, que defendeu que as alterações deviam obrigar a um novo concurso público.
Tal não foi o entendimento da maioria socialista, que, por intermédio da vice-presidente, Ana Carvalho, fez um historial do processo, lembrou que o primeiro concurso “ficou deserto” e que, face ao normativo do segundo concurso, tanto o júri como o departamento jurídico da autarquia concluíram pela aceitação das alterações agora aprovadas.
Críticos da solução de concessão desde o início, os vereadores Carlos Tenreiro e Miguel Babo (eleitos pelo PSD, mas a quem o partido retirou a confiança política) voltaram hoje a criticar o processo. Miguel Babo lembrou que o projecto a concurso “não foi este” e que a empresa “não pode ganhar um concurso com um princípio e depois alterar tudo”.
Ana Carvalho ripostou e manifestou-se “tranquila” após ter levado a alteração do projecto à reunião: “Se este projecto tivesse sido aprovado no concurso, teria sido aprovado e teria ficado em primeiro na mesma, face ao outro concorrente. E qualquer um poderia ter apresentado este projeto”, alegou.
“Face ao que está apresentado o melhor caminho é continuar, e concretizar este projeto que acho que é uma mais-valia para a cidade. Acho que tem muita qualidade, a Direcção Regional de Cultura (DRCC) assim o considera e os serviços (camarários) também”, argumentou.
Já o presidente da autarquia, Carlos Monteiro, embora manifestando que teria ficado “muito mais confortável” se o projecto “tivesse sido apresentado desde início”, notou que a DRCC “dá esse conforto em termos de protecção da envolvente e o júri diz que é legal e o jurídico também”.
“Lançar um novo concurso seria perder mais tempo e não sei qual seria o resultado, porque hoje os investidores estarão retraídos (face à pandemia de covid-19). E no caderno de encargos a piscina é de uso público e vai continuar a ser”, garantiu.
Anteriormente designada por Piscina-Praia (e conhecida localmente como Piscina do Grande Hotel, embora nunca tenha feito parte deste, actualmente hotel Mercure), foi projectada na década de 1950 pelo arquiteto Isaías Cardoso. É um dos conjuntos arquitectónicos emblemáticos da Figueira da Foz, classificado como Imóvel de Interesse Público, situado na marginal fronteira à praia.
A piscina, e a estalagem com 13 quartos que lhe foi anexada na década de 1960, funcionou com acesso público até finais da década de 1980, tendo ficado célebre pelas suas dimensões, com 33 metros de comprimento, e pela prancha de saltos de cinco e dez metros.
Na década de 1990, depois de um falhado projecto de reconversão, o complexo fechou e degradou-se, tendo a prancha sido retirada. Viria a ser adquirido pela autarquia liderada por Santana Lopes, que reabilitou a piscina em 2001, tendo esta voltado a funcionar durante vários anos, com concessões limitadas no tempo, estando actualmente desactivada.
Já o edifício da estalagem está ao abandono há mais de duas décadas e agora vai ser reconstruído e aumentado.
A obra, de cerca de três milhões de euros, deverá iniciar-se dentro de quatro meses e prevê que o plano de água da piscina se estenda para debaixo do novo edifício lateral, entre outras intervenções.
“E eu vou ser muito rigoroso no cumprimento dos prazos, muito rigoroso no andamento da obra, porque o tempo que passou desde 2001 até hoje foi demasiado para aquele edifício”, frisou Carlos Monteiro.