A Câmara da Figueira da Foz disponibilizou o contacto de 30 comerciantes dos dois mercados municipais, que continuam abertos, para que as pessoas possam receber as suas encomendas sem sair de casa, face à pandemia da covid-19.
O município decidiu reunir os contactos de todos os comerciantes dos mercados de Buarcos e Engenheiro Silva, no centro da cidade, que estivessem interessados e disponíveis para fazer entregas ao domicílio, tendo começado a divulgar essa opção, disse à agência Lusa fonte do gabinete da presidência da Câmara da Figueira da Foz.
“Os espaços de venda de frutas, legumes, hortícolas, peixe, carne e derivados e pão, estão prontos para responder às suas necessidades, sem que saia de casa”, informava a autarquia, na quinta-feira, na sua página da rede social de Facebook, onde disponibilizava o contacto dos comerciantes que decidiram aderir.
Segundo fonte do município, “a grande maioria dos comerciantes” aceitaram integrar a iniciativa, sendo eles próprios que asseguram a entrega dos produtos na casa dos clientes.
“Isto ajuda todos. Ajuda o comércio local e as pessoas que estão a cumprir o isolamento e precisam deste tipo de soluções”, vincou essa mesma fonte.
Maria Sousa, com banca no Mercado de Buarcos, ainda não recebeu encomendas, tirando de um cliente que sempre o fez, e nota que o mercado, que era usado especialmente por pessoas mais velhas, tem “muito pouco movimento”.
“Antes da pandemia já era mau, agora ficou pior”, constatou.
Já Daniel Garcia, com um talho no Mercado Engenheiro Silva, diz que o negócio no balcão não mudou muito nos últimos 15 dias.
“Primeiro, houve um pico, com gente com medo que faltasse comida. Agora, está normal. As pessoas vêm menos vezes, mas levam mais de cada vez. Antes levavam um quilo, agora levam dois ou três”, afirmou à agência Lusa o talhante.
No entanto, se na venda ao balcão não houve mudança, Daniel Garcia registou uma quebra de 30% na facturação face ao fecho dos restaurantes a que fornecia carne.
Com a possibilidade das encomendas, já tem feito algumas, especialmente a casais idosos, mas “não é significativo”.
Belmira Borges, que vende peixe no Mercado Municipal Engenheiro Silva, sentiu, desde o início do estado de emergência, “uma quebra na facturação de mais de 50%”.
“Uma grande parte dos clientes deixaram de ir ao mercado, porque têm medo”, notou, salientando que o mercado não tem muita gente, cumpre todas as orientações e tem líquido desinfectante à entrada e à saída.
Sobre a iniciativa dinamizada pela autarquia, Belmira Borges refere que já começou a fazer algumas entregas à casa de clientes, principalmente pessoas mais velhas, mas continua a ter mais vendas no mercado.
“Pode ser que ajude a minimizar a quebra, mas nós também gostamos de ver as pessoas no mercado, porque o contacto é diferente”, referiu, apelando às pessoas que, caso possam, continuem a ir ao mercado.