A Câmara Municipal da Figueira da Foz e o Casino Figueira evocam o centenário do nascimento do escritor Jorge de Sena através de um programa vasto e diverso, que compreende um conjunto de iniciativas.
O Bairro Novo, descrito e salientado na sua obra “Sinais de Fogo”, é o bastante para que a Figueira não ignore o seu nome e o recorde em data própria, fazendo também uma ligação às gerações mais jovens.
Entre o Núcleo Museológico do Sal, Auditório Municipal, Quinta das Olaias, Centro de Artes e Espectáculos (CAE) e o Casino Figueira desenrolar-se-ão eventos que ligam o seu nome, a sua obra e a cidade figueirense. Hoje às 16h na Estação da CP (Comboios de Portugal): Percurso Jorge de Sena, por Luís Ferreira. Entrada gratuita.
Às 17 horas, de hoje também, no Casino Figueira. “À Conversa com Jorge Fazenda Lourenço e António Tavares – A Figueira de Jorge de Sena. Entrada gratuita.
Jorge Cândido de Sena, filho de um açoriano e de uma beirã, ambos da alta burguesia, nasceu em Lisboa a 2 de Novembro de 1919.
Passa várias vezes férias na Figueira, aproveitando a casa dos seus tios, situada na Rua Fernandes Coelho.
No seu único e notável romance, ele próprio escreve que “fui seguindo vagarosamente pelas travessas até ao Bairro Novo (…) A Figueira era um meio pequeno onde todos os fios de uma meada se cruzavam”. Para além deste respigo, nota-se, mais à frente, que existia escondida uma nascente consciência poética, diluída neste inacabado e autobiográfico livro “Sinais de Fogo”.
Jorge de Sena, homem de pensamento superior, escreveu (com frontalidade) esta sua obra quando Salazar estava no poder de forma pujante. Este livro só teria publicação após a sua morte, corria o ano de 1979.
Nesta obra de elevado valor, exaltam-se, sem pudor, vícios e virtudes, o bem e o mal, a política e a sexualidade, numa verdadeira afirmação de coragem. Desenrolando-se a acção na Figueira por altura da Guerra Civil espanhola.
O livro “Sinais de Fogo” mostra uma cidade em que o relaxamento de verão contrasta com as tensões morais, sociais e políticas, que conviviam dia-a-dia com os dilemas da clandestinidade, dos romances interditos e das orientações sexuais reprimidas.
Sena, homem de Letras e de visão foi professor, poeta, contista, dramaturgo, crítico e ensaísta.
O escritor morre, com apenas 58 anos, em Santa Bárbara, na Califórnia, onde encontra sempre outra abertura de ideias, aquelas que nunca viu em Portugal e no Brasil, onde também residiu.
A Figueira da Foz quer recordar Jorge de Sena “com a grandiosidade que o seu talento merece”, segundo apurou O Figueirense junto da organização do evento.