InícioInternacionalA Figueira da Foz "é uma cidade lindíssima" - diz José Ramos-Horta

A Figueira da Foz “é uma cidade lindíssima” – diz José Ramos-Horta

O Prémio Nobel da Paz e actual Presidente da República de Timor, José Manuel Ramos-Horta, conversou com O Figueirense.

Político e jurista, Ramos-Horta tomou recentemente posse no cargo e, em conversa com o nosso Jornal, era imperioso falar do seu pai que nasceu na Figueira. “O nosso pai nunca nos falou da sua vida em Portugal. Ele deixou aí duas irmãs que eu nunca conheci. Ao longo dos anos, fomos ouvindo alguns retalhos da sua vida, aqui e acolá. Ele estava na Marinha e creio que se envolveu em actividades anti-Salazar e acabou por ser deportado para Timor-Leste nos anos 1930. Voltou a Portugal a seguir a II Guerra mas por pouco tempo. Regressou a Timor logo depois da saída dos japoneses e aqui veio a falecer em 1970. Tinha apenas 64 anos de idade. Era homem de convicções, mas poucas falas. A nossa mãe é que falava muito, uma grande mulher, também de fortes convicções e sem medos”, foi esta a descrição que José Ramos-Horta, hoje o mais alto magistrado da nação timorense, fez (em exclusivo) a’ O Figueirense.

Questionado acerca da Figueira, Ramos-Horta disse que visitou a Figueira da Foz “há muitos anos atrás,  duas vezes, uma das vezes fui a um Congresso do PSD que se realizou aí… O professor Marcelo Rebelo de Sousa era então presidente do PSD e, como é muito característico dele, cumprimentou-me efusivamente e tratou-me simpaticamente por “Zé”. E isto foi antes do Nobel e eu nem era conhecido. Gostei imenso da Figueira da Foz, é uma cidade lindíssima. Imagino que seja um dos maiores destinos turísticos europeus. Aliás, todo o Portugal é simplesmente cativante, de beleza sedutora, do Norte ao Sul.

O Presidente da República de Timor vai cumprir mais um mandato com a sua visão estratégica e a vontade de ter sempre a democracia por perto.

O agora quinto Presidente da República de Timor-Leste prestou juramento numa sessão solene de investidura do Parlamento Nacional e teve o reencontro com o seu homólogo Marcelo Rebelo de Sousa. Ramos-Horta quer combater a pobreza no país e captar investimento estrangeiro, nomeadamente de Portugal. “A construção do futuro do nosso país é uma causa nacional que nos deve mobilizar a todos, sem excepção”, afirmou José Ramos-Horta, no Palácio Presidencial, nas comemorações dos 20 anos da restauração da independência de Timor.

“Tal como no meu anterior mandato, exercerei as mais altas funções de Estado em espírito de permanente abertura ao diálogo e inclusão — símbolos maiores da Democracia”, frisou.

Contactada pelo nosso Jornal, a jornalista figueirense Andreia Gouveia, que já residiu em Timor-Leste, refere que aquele país “mantém muito viva a ligação a Portugal. A língua portuguesa, sobretudo, foi um instrumento de resistência à invasão Indonésia, e é orgulhosamente falada pelos mais velhos e, curiosamente, pelos mais novos, especialmente os que frequentam as escolas fruto da colaboração com o nosso país, os CAFE. É na geração do meio que se nota algum alheamento, mas por outro lado uma importante construção do orgulho nacional timorense, a consciência do valor e da beleza do seu território, da sua cultura e da sua História”.

Andreia Gouveia, que tem um profundo conhecimento da região, lembra que “Timor-Leste é um pequeno país – se tivermos em conta as dimensões dos demais no continente asiático -, que se distingue pela sua têmpera. As paisagens são de cortar a respiração, é verdade, mas são as pessoas – mais abertas, mais afectuosas, de sorriso fácil – que nos prendem, que deixam umas saudades inimagináveis, daquelas que doem.

Este povo, com uma História recente na bagagem que impressiona pela dureza, e pelos episódios de coragem que muitos, mesmo muitos, têm para contar, merece realmente todo o apoio possível para se desenvolver”.

Para a também editora da revista Óbvia, “a alimentação, saúde, educação, investimento económico e prevenção da corrupção são sectores fundamentais e que têm de ser abordados em simultâneo para o futuro que os timorenses merecem”.

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