Ana Cristina Araújo, especialista em História Moderna e Contemporânea e professora aposentada da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), é a vencedora da 14.ª edição do Prémio Joaquim de Carvalho, da Imprensa da Universidade de Coimbra (IUC), arrebatando o prémio com o livro “Resistência Patriótica e Revolução Liberal 1808-1820”.
“O livro centra-se na história política e das ideias e explora discursos de um tempo marcado pela eclosão e pela memória da Revolução Francesa. A autora adopta uma perspectiva transnacional e mostra que a temporalidade revolucionária, reavivada pelas campanhas napoleónicas na Península Ibérica, foi revestindo manifestações polissémicas e conflictuais”, informou a Universidade de Coimbra (UC) em comunicado.
Na obra, distinguida com um prémio pecuniário de 3.000 mil euros, Ana Cristina Araújo, investigadora do Centro de História da Sociedade e da Cultura da FLUC, explora igualmente “os factores convergentes do processo político peninsular e, na enunciação conflictual do campo político, confirma a permanência de crenças e símbolos profundamente enraizados na sociedade portuguesa”.
“Estes aspectos são estudados no contexto social, cultural e institucional do início do século XIX em Portugal”, segundo a nota da Reitoria da UC, liderada por Amílcar Falcão.
Em declarações à agência Lusa, a directora da IUC, Carlota Simões, salientou que o Prémio Joaquim de Carvalho foi criado “para perpetuar a memória” do patrono.
Professor universitário, Joaquim de Carvalho (1892-1958), natural da Figueira da Foz, foi o último administrador da Imprensa da Universidade, extinta em 1934 por decisão do ditador Salazar, num tempo de afirmação do regime fascista.
Através do decreto-lei de 30 de Junho de 1934, o governo de António Salazar encerrou a IUC, despediu o administrador, um intelectual republicano e democrata, e lançou dezenas de trabalhadores gráficos no desemprego, entre eles o jovem antifascista João Damasceno, que em 1942, com cerca de 20 anos, foi um dos fundadores do Ateneu de Coimbra, vindo em 1969 a criar a Tipografia Damasceno, que ainda labora na rua de Montarroio.
Em 1999, coincidindo com os 25 anos do 25 de Abril e da reposição do regime democrático, a Imprensa da Universidade foi reactivada, agora como editora e sem oficina tipográfica própria.