Um homem de 37 anos admitiu hoje no Tribunal de Coimbra ter matado a sua companheira com recurso a uma faca de cozinha, em Paião, e referiu que houve uma discussão antes do crime.
Num discurso conciso e de poucas palavras, e segundo o presidente do coletivo de juízes com uma “postura fria”, o arguido admitiu os factos mais relevantes presentes na acusação do Ministério Público, que lhe atribuem a autoria do homicídio da sua companheira, na cama do quarto do casal, em janeiro, em Paião, no concelho da Figueira da Foz.
O homem, que está preso preventivamente, admitiu que as discussões eram recorrentes, mas recusou a versão do Ministério Público de que estas seriam por causa de beber e fumar, e de não trabalhar.
“Tanto eu como ela bebíamos e fumávamos”, vincou, referindo que tinha deixado de trabalhar por causa de um problema no coração, mas que tratava da casa e da filha da vítima.
O arguido disse que as discussões estavam centradas em questões de fidelidade e alegou que a vítima o traía.
Sobre o que aconteceu antes do crime na madrugada de 17 de janeiro, o arguido deu poucas explicações, referindo apenas que houve uma discussão sobre uma alegada traição – sobre a qual não se alongou na audiência –, passou-se “da cabeça”, foi ao quarto onde a companheira estava deitada e desferiu quatro golpes com uma faca de cozinha no corpo da vítima.
“O que lhe passou pela cabeça?”, perguntou o presidente do coletivo, ao que o arguido respondeu que se soubesse “não teria” praticado o crime.
Após alguma insistência do juiz, o arguido referiu que a companheira ter-lhe-á dito naquela noite que tinha um caso com outra pessoa.
Questionado pelo advogado de defesa sobre se estava arrependido, o arguido disse que sim, numa resposta curta.
“Não vejo é emoção nesse arrependimento, apesar de as pessoas terem diferentes formas de manifestar o seu arrependimento”, notou o presidente do coletivo.
O arguido referiu que só teve consciência do que se tinha passado já depois de ter abandonado a casa e estar à beira-mar, desconhecendo se a companheira estava morta ou não.
O crime aconteceu com a filha da vítima, com 13 anos de idade, a dormir noutra divisão e que acordou com os gritos provenientes do quarto da mãe, referiu o Ministério Público.
O arguido terá abandonado a casa, deixando a faca embrulhada numa t-shirt, e ligou posteriormente ao 112, relatando os factos que teria praticado, tendo sido detido por agentes da PSP às 04:40, na zona da Cova Gala.
Quando a GNR e os meios de socorro chegaram à casa da vítima, a mesma já não apresentava quaisquer sinais de vida.