Uma escola de surf da Figueira da Foz, que fechou face à pandemia da covid-19, está a dar aulas à distância, numa forma de ajudar os alunos a matarem as saudades do mar.
“Os miúdos estão com saudades do mar, pedem para ir ver o mar, para fazer surf, mas como nesta fase não é possível, decidimos conectar com eles. Se não podemos ir ao mar, trazemos o mar e o espírito do mar e do surf para dentro de casa”, disse à agência Lusa Eurico Gonçalves, da escola Isurf, na Figueira da Foz.
A escola fechou voluntariamente mal se aperceberam da “gravidade da situação”, há cerca de três semanas, afirmou, referindo que os surfistas continuaram a fazer surf em grupos pequenos até a sua prática ser proibida.
“Percebemos que os miúdos iriam ter um afastamento prolongado do mar e isso deixou-nos desconfortáveis”, contou Eurico Gonçalves.
Assim que descobriram formas de fazer videoconferência, decidiram retomar as aulas, contando com turmas de alunos dos cinco aos 18 anos, separados por diferentes classes.
“Tem sido muito interessante. Primeiro matamos as saudades dos miúdos e eles matam um bocadinho as saudades do mar”, conta, referindo que alguns, nas primeiras aulas, até decidiram vestir os fatos de surf.
Nas aulas, os exercícios que fariam em cima da prancha na areia, são feitos no chão.
“Conversamos também sobre o que se está a passar e num dos exercícios de respiração pedimos para fecharem os olhos e imaginarem que estão debaixo de água, como se estivessem fechados momentaneamente. Mas, depois vimos ao de cima e tudo fica bem e apanha-se mais uma onda e fica tudo resolvido”, salienta Eurico Gonçalves.
Gustavo, com sete anos, está a ter aulas há cerca de um ano e, sendo da Figueira da Foz, basta olhar-lhe pela janela para ver o mar, “logo ali ao lado”.
“Todos os dias está bom para surfar aqui”, nota o aluno, que admite ter “muitas saudades” do mar.
Tomás Garcia, de nove anos, que já anda a ter aulas há mais de quatro anos, diz que a experiência das aulas à distância “está a ser fixe”, sendo também uma oportunidade para rever os amigos.
“É muito diferente de praticar os exercícios na areia”, nota Laura, de 11 anos.
Já Santiago, de nove anos, realça que “é melhor ter em casa do que não ter”.
“Está a ser fixe e aprendemos a corrigir erros e a aprender melhor a posição na prancha”, afirma Tomás Espada, de dez anos, que diz que “agora é esperar e ter calma”.